quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A atual Tv Aberta no Brasil: Necessária?


Primeiro tema a ser comentando nesse blog, durante 2010.

A rigor, o que falta na atual Tv Aberta no Brasil? Creio que a primeira coisa que virá à baila na cabeça do leitor - assim como em minha primeira ponderação -, é a falta de qualidade. Mas qual "qualidade"? Pelo prisma da quantidade de programas ruins, responderei de acordo com as palavras de Lenin: "A quantidade é uma quantidade de si mesma".

Quanto mais programas ruins, menor a qualidade da TV. O motivo de haver programas ruins são dois:

1-A quantidade de aparelhos ligados em todos horários;
2-A quantidade de anúncios que a TV quer para fazer caixa.

Usando os dois pontos supracitados, cheguei a uma conclusão - simples: Hoje, até pelo telefone celular, veem-se canais de tv em qualquer horário. Há muito mais pessoas ligadas na TV do que havia há duas décadas atrás. Inconscientemente, os canais procuram por qualquer coisa que seja satisfatória para que um anunciante pague por aquele horário. Enquanto uma dona de casa ouvia o rádio em 1991, hoje ela tem um aparelho televisor pequeno na cozinha e o deixa ligado enquanto faz as tarefas diárias. É nesse ponto que o anunciante deita e rola - ou ao contrário: É exatamente nesse ponto que o canal de TV ganha dinheiro. Tanto faz qual é a atração em um horário matutino ou vespertino: O importante para o canal de TV é vende-lo, trazendo ao público qualquer coisa. É exatamente o que donas de casa querem: Fofoca e gente famosa.

O anunciante que paga por um horário comercial em novelas está pagando simplesmente por uma grife chamada "Novela". É lamentável constatar que só tem gente bonita nas novelas. É lamentável porque o anunciante paga para esta grife estampada que apenas vende a imagem de seus artistas. Faz anos que eu não vejo novela NOVA (parei em "O Rei do Gado" e revi "Pantanal" e "Dona Beija" pelo SBT, no ano passado).

Andei me interando pelo assunto a fito de pesquisa para saber o que o anunciante paga nessa "grife". O pacotão inclui apenas nomes dos artistas em questão. O anunciante "X" paga porque a novela tem a atriz "Y" - sim: aquela bonitona. O nome da novela pouco importa. Nela, a atriz "Y" estará fazendo uma atuação de atriz "Y". Ou seja: A mesma atuação feita em outra novela. Hoje é certo dizer a novela da "atriz Y", sendo que o nome de qualquer novela não importa perante o nome da grife que vende seu artista (Globo). Se a atriz "Y" foi vilã em uma novela e é bonzinha em outra, as personagens não serão lembradas, pois são irrelevantes perante o nome daquela que a interpretou.
O anunciante "X" pagará pela quantidade de gente famosa envolvida, sem se importar pelo nome daquela produção, daquela obra. Antigamente, o anunciante Chevrolet pagava para a rede Globo em troca de pôr seu produto, o "Monza", em destaque durante a novela "Roque Santeiro", aquela do Sinhôzinho Malta, que não tem nada a ver com o Don Lázaro Venturinni ("Meu Bem, Meu Mal") ou com o Murilo Pontes ("Pedra Sobre Pedra"). Repararam? Citei, como a maioria que viu se lembraria, o nome das personagens de determinada novela, enquanto hoje se fala apenas da atriz "Y", muito bonita, que não consegue ser nada além do que uma bela mulher dentro de qualquer personagem que ela interpreta - mesmo variando entre a vilã e a boazinha, pois é isto o que VENDE a atual grife que é uma NOVELA. Todos sabemos quê as interpretações e atuações do Sr. Lima criaram personagens distintas, diferentemente do que a atriz "Y" é em todas novelas. Isto se chama a OBRA e a sua EXECUÇÃO, algo que faz parte da essência da TV.

Já tivemos muita gente talentosa na TV brasileira. Hoje, pouco é importante o talento quando se tem a beleza e a correspondente vida privada para ser debatida (Como era bacana quando pudíamos ver uma entrevista com aquela figuraça dos comerciais ou com aquele outro que nos fazia rir através de outros meios).
Não quero argumentar que a tv, em sua pura magia e entreterimento, acabou ao se render à imagem e à falta de conteúdo. Ainda há coisas interessantes em canais abertos, como o fato da Tv Cultura (sempre ela!) trazer programas do Grupo Discovery em sua grade de programação. (A tv paga tem programas, séries e documentários muito bons).
A qualidade existe - Quem vê "Caçadores de Mitos" não assiste para admirar os bigodes do Jame, né? Este programa daria certo na Rede Globo, em horário nobre? O Cléber Machado pode achar que sim, mas o Boninho pode achar que não. O mais certo é que o povo prefere ver BBB e seu bando de mulher gostosa. Talvez? (sem piada!)

Infelizmente, hoje temos à disposição produtos quê anunciam outros produtos, pois são poucas produções direcionadas ao público, ao invés de serem grife para atrair anunciantes.

Enquanto a TV brasileira se vende para apenas ser uma fonte de propagandas, ela deixa de lado a chance de se fazer por merecer que os anunciantes a paguem.

Com o advento da Internet banda larga e a popularização do Youtube, há shows, programas antigos e coisas bacanas a serem baixadas e vistas. O público pode ver o que quer, quando quiser e onde estiver - e assistirá a coisas extintas, atuais e, até mesmo, inéditas. Teóricamente, isto é bom - quando na verdade não é. Não é porque, afinal de contas, foi a própria "mãe TV" quem criou cada um desses programas assistidos na telinha do computador. Na internet, a procura por programas atuais é bem aquem dos programas antigos. Há de se lamentar pelo fim da programação de qualidade.

A falta de qualidade da TV se reflete na falta de qualidade do público. Enquanto este aumenta em sua quantidade, esta continuará a ser a qualidade de si mesma - para o mal dela mesma, a TV brasileira.

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